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Depressão pós-parto: um grande problema e um sonho para sua solução

Atualmente, uma em cada sete mulheres tem a probabilidade de vir a sofrer de depressão pós-parto (DPP), sendo a depressão durante a gravidez o seu principal preditor. A depressão perinatal (DP) é a complicação obstétrica com maiores índices de subdiagnóstico e um importante fator de risco para o suicídio, considerado uma das causas mais comuns de mortalidade materna.

Acredita-se que a prevalência de DP é de cerca de 10% e se relaciona com condições sociodemográficas desfavoráveis. Com 3 milhões de nascidos vivos por ano no Brasil, a prevalência de DP pode ser estimada, por extrapolação de fontes estrangeiras, em mais de 360.000 casos por ano.

Para saber mais sobre o grave problema da depressão pós-parto e conhecer uma opção viável para sua solução, continue a leitura.

Fatores associados

Durante a gravidez, a depressão está associada a maior risco de:

  • crescimento intrauterino restrito;
  • pré-eclâmpsia;
  • diabetes gestacional;
  • prematuridade;
  • baixo peso ao nascer;
  • escores de Apgar mais baixos;
  • prejuízos no desenvolvimento infantil (cognitivos, sociais, afetivos);
  • dificuldades na amamentação;
  • vínculo inseguro entre mãe e criança;
  • depressão pós-natal;
  • uso materno de álcool, tabaco e outras drogas;
  • abortamento;
  • suicídio materno;
  • infanticídio.

Já a depressão pós-parto está associada a maior risco de negligência e abuso infantil, descontinuação da amamentação, disfunção familiar e prejuízos no desenvolvimento cerebral.

O uso de questionários

A utilização de questionários padronizados em pesquisas epidemiológicas e esquemas de triagem é extremamente útil, pois fornece ferramentas clínicas padronizadas para comparar sintomas.

Em 1987, foi criada a Escala de Depressão Pós-Natal de Edimburgo, que foi adaptada para uso no Brasil. A escala é utilizada como um instrumento autoaplicado. No País, ela tem sido usada na forma de questionário. É composta por 10 enunciados cujas opções de resposta são pontuadas de 0 a 3.

Os itens abordados referem-se a humor deprimido ou disfórico, distúrbio de sono, perda do prazer, ideias de morte e/ou suicídio, diminuição do desempenho e culpa. A escala possui boa sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo. Mesmo com essas ferramenta, a DP segue subdetectada e subtratada.

Uma solução para o problema

Diante da gravidade do quadro acima, consideramos que a telemedicina nos oferece recursos, capacita-nos a ampliar a detecção precoce da DP e, consequentemente, atuarmos preventivamente com a instituição precoce de tratamento e acompanhamento das gestantes que apresentem indícios e predisposição à DP.

Para tal, poderemos adotar o programa que Melo Júnior propôs em sua tese de doutoramento em 2011. À época, o autor trabalhou com amostra pequena e sem os recursos de tecnologia de comunicação e informática que a telemedicina nos oferece atualmente. 

Esse programa poderá ser implantado com baixo custo e atingir todo o território nacional, trazendo enormes benefícios às gestantes. Será dividido em fases. Inicialmente, serão treinados através de videoconferência profissionais da área da saúde não médicos para aplicarem o questionário da Escala de Edimburgo.

Com os dados obtidos pelo cadastro do atendimento de pré-natal do SUS, esse pessoal fará um contato inicial telefônico ou por videoconferência, expondo o programa e suas finalidades às parturientes que aceitarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e elas serão incluídas no programa.

As entrevistas, então, serão realizadas por contato telefônico ou por videoconferência, no início do terceiro trimestre, após a quarta e sexta semana pós-parto, e os dados obtidos serão lançados em prontuário médico, observando-se o sigilo e a segurança das informações.

Simultaneamente, os dados obtidos serão avaliados em programa com base em inteligência artificial, que detectará as mulheres cujo escore comparativo entre as entrevistas indicar que apresentem sintomas iniciais de DP.

Por meio de teleconsultoria, médicos psiquiatras serão acionados para estudarem os casos e opinarem a respeito da conduta a ser adotada para cada um. Poderão decidir orientar os médicos de Atenção Primária que iniciarão nas UBS o tratamento, ou se as gestantes deverão marcar uma teleconsulta com  psiquiatra.

Resultados

Ressaltamos que todos esses passos serão dados sem filas de espera e sem deslocamento das pacientes. Alcançará pontos remotos do País com custo muito baixo, tudo o que a telemedicina propõe.

Com todos os dados obtidos, teremos números que nos permitirão realizar estudos epidemiológicos, com os quais receberemos indicações de incidência, prevalência, fatores desencadeadores das crises, aspectos sociais, econômicos, étnicos, raciais e familiares que possam estar relacionados à DP.

Tem interesse em saber mais sobre saúde e telemedicina? Continue a visita em nosso blog para descobrir os benefícios da teleconsulta ocupacional.

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